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O Poder de um Testemunho Pessoal

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O exemplo de Paulo revela três pontos essenciais para um testemunho cristão efetivo

Um testemunho pessoal é uma ferramenta poderosa. Num tribunal de justiça, os argumentos com base em provas materiais e motivos podem ter um impacto, entretanto, muitas vezes, é um testemunho pessoal que tem a maior influência sobre o juiz ou o juri.

Vários anos atrás, eu estava num tribunal de direito e observei um caso criminal no qual o réu foi acusado de roubar várias lojas de conveniência. O promotor apresentou evidências que conectavam o réu ao lugar e horário do crime. No entanto, o que realmente estabeleceu a culpa do réu foi o testemunho dos funcionários da loja. Eles foram trazidos a banco de testemunhas, um de cada vez, para verificação do que foi apresentado ao tribunal. Em seguida, eles foram convidados a identificar se o ladrão estava presente no tribunal. Um por um, todos eles apontaram para o réu. Isto foi devastador para o caso dele! Na verdade, o julgamento foi encerrado antes do juri se reunir para determinar o veredicto. Numa manhã, fomos informados pelo juiz que o réu havia decidido aceitar um acordo judicial ao invés de continuar com o julgamento. Os testemunhos que apontavam para a sua culpa não podiam ser refutados.

Em Atos 26, lemos o testemunho pessoal de Paulo, dado ao Rei Agripa. Capítulos anteriores descrevem como Paulo tinha sido levado perante as autoridades romanas e falsamente acusado de sedição pelos líderes religiosos judeus. Eles alegaram que ele havia contaminado o Templo de Jerusalém e que ele era o cabeça da fé Cristã ou, como eles se referiam, da seita dos nazarenos. Paulo negou a acusação. Eventualmente, o seu caso foi levado perante o Rei Agripa, que era bem instruído na lei judaica, e foi dado ao Apóstolo uma chance de se defender.

Paulo era um homem altamente educado, e possuia conhecimento suficiente das leis religiosa e secular, para oferecer uma forte defesa sobre as acusações feitas contra ele. Ele poderia ter usado efetivamente o seu conhecimento das Escrituras, para construir o seu caso, ter apresentado um bom argumento e convencer a todos os presentes que Jesus era, de fato, o Cristo. Entretanto, quando lhe foi dado a oportunidade de se defender diante do Rei Agripa, Paulo escolheu compartilhar o seu testemunho pessoal de salvação.

Nos versos 19-23, lemos a conclusão do testemunho de Paulo: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento. Por causa disto os judeus lançaram mão de mim no templo, e procuraram matar-me. Mas, alcançado socorro de Deus, ainda até ao dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios.”

O apóstolo Paulo entendeu o poder e o valor de um testemunho pessoal. E a maneira como ele deu o seu testemunho em Atos 26 nos dá um bom padrão a seguir, em como darmos o nosso testemunho Cristão aos incrédulos de forma eficaz.

Há três pontos principais para se dar um testemunho eficaz e todos podem ser encontrados em Atos 26. Em primeiro lugar, devemos contar como éramos antes da nossa conversão. Em segundo lugar, devemos relatar o que nos fez mudar—a nossa experiência de salvação. Finalmente, devemos descrever a nossa transformação (como somos agora) desde quando essa mudança ocorreu.

Como era Paulo antes da sua conversão? Nos versículos 4-11, ele descreveu brevemente como ele era antes e concluiu com uma descrição da sua condição pouco antes do seu encontro com Deus. Ele admitiu: “Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus nazareno devia eu praticar muitos atos; o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matavam eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.” (Atos 26:9-11).

O que Paulo fez não foi para se vangloriar de sua vida passada, dar um relato sensacionalista do seu comportamento ímpio, ou estender-se muito tempo sobre o tipo de homem mau que ele havia sido. Da mesma forma, quando damos o nosso testemunho, não chamamos a atenção do ouvinte para nós mesmos, nos estendendo muito no nosso passado. Nós dizemos apenas o suficiente para estabelecer que tínhamos uma grande necessidade de salvação. O foco deve ser direcionado ao Cristo que pode salvar qualquer um.

Mesmo quando relatamos o nosso passado, o objetivo de um testemunho é dar honra e glória a Deus. O salmista disse no Salmo 107:1-2: “Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua benignidade é para sempre. Digam-no os remidos do Senhor, os que remiu da mão do inimigo.” Os remidos do Senhor—nós, aqueles que nasceram de novo—devem dar graças a Deus que estendeu a Sua misericórdia à nós e nos livrou do inimigo. Isto deve realmente ser o nosso propósito quando compartilhamos o nosso testemunho.

Em seguida, nos versículos 12-18, Paulo descreve de uma forma muito simples e direta a sua conversão no caminho de Damasco. O Senhor Jesus se revelou de forma tão vívida que Paulo ainda podia repetir as palavras exatas que foram trocadas entre eles. Ele não precisava embelezar o seu testemunho de forma alguma. O seu relato simples foi convincente porque foi uma experiência definitiva na sua vida. Em poucas palavras, ele foi capaz de explicar como Deus o encontrou, o que Deus disse e o que Deus queria dele—uma vida de serviço com o objetivo de levar outros ao arrependimento e salvação.

Nos versículos 19-23, Paulo declarou que ele havia obedecido àquele chamado e que, com a ajuda de Deus, ele havia sido capaz de continuar servindo ao Senhor até então, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes. O que ele estava dizendo? Ele estava relatando que a sua vida havia sido assim desde a sua salvação. O Senhor lhe tinha dado a vitória, e pela Sua ajuda, ele pôde compartilhar o seu testemunho com todos aqueles que o Senhor colocou no seu caminho. Que bom, sólido e vitorioso testemunho!

Um simples testemunho do que Deus fez numa vida terá um impacto. Após este relato, podemos ler a reação de dois daqueles que ouviram Paulo naquele dia. O versículo 24 relata a reação de Festus. Ao ouvir o testemunho de Paulo, ele não conseguia se conter—um provável indicador de convicção. A Bíblia diz que ele respondeu em alta voz: “Estás louco, Paulo: as muitas letras te fazem delirar.” É evidente que ele não tinha como explicar o que acabara de ouvir, ou o que ele sentia em resposta àquilo.

No versículo 28, o Rei Agripa respondeu: “Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!” Há interpretações diferentes sobre a forma como ele disse essas palavras. Alguns acham que ele disse com sarcasmo, outros acham que ele foi sincero. De qualquer forma, o Rei Agripa sentiu-se compelido a responder ao testemunho que ele acabara de ouvir. O testemunho de Paulo o impactou pessoalmente. Quando damos o nosso testemunho, as pessoas podem nos rejeitar. Entretanto, um testemunho vitorioso é algo difícil de rejeitar interiormente, por causa da impressão que ele deixa em quem o ouviu.

Às vezes, o nosso testemunho não pode ser dado verbalmente, mas ainda assim ele pode causar impacto. Os especialistas em linguagem corporal dizem que 70% da comunicação não é verbal. Lembro-me de um colega da minha classe do ensino médio, na cidade de Bozeman, no estado de Montana, Estados Unidos. Eu sabia que ele era um Cristão. Ele nunca me contou o seu testemunho e nem me contou nada que indicasse que ele tinha sido salvo. No entanto, eu sabia que ele era um Cristão, simplesmente observando como ele se comportava e como ele respondia aos outros estudantes que pregavam peças nele. Ele nunca ficou bravo. Ele nunca reagiu mal. Todos os dias ele trazia uma atitude positiva para a classe. E eu notei! Quatro anos depois, quando eu estava sob uma convicção pesada sobre o meu modo de vida, o testemunho não-verbal daquele rapaz foi algo que veio a minha mente. No meu coração, eu sabia que um Cristão podia viver uma vida vitoriosa. Esse colega havia testemunhado para mim todos os dias, mesmo que o seu testemunho nunca tivesse sido verbal. Até hoje, ainda sou grato pelo seu testemunho Cristão.

Outro resultado do nosso testemunho é revelado em Apocalipse 12:11, que diz: “E eles o venceram [Satanás] pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte.” Quando damos o nosso testemunho, nós usamos uma arma de conquista que nos ajuda a obter vitória sobre o inimigo.

Você tem um testemunho pessoal hoje? Se não, Deus pode lhe dar um testemunho poderoso que não somente contará sobre as vitórias sobre o inimigo, mas também lhe dará uma maneira de conversar com outras pessoas e incentivá-las para uma vida abundante, repleta de esperança e que leva a uma recompensa eterna.

John Musgrave é Diretor Regional para o Leste Europeu, da Igreja da Fé Apostólica e é um ministro na igreja sede, em Portland, Oregon, Estados Unidos.